Versos para todos

Versos para todos

quinta-feira, 10 de julho de 2014

CTG Fronteira Aberta Invernada Mirim 2014
          A  Invernada Mirim do CTG Fronteira Aberta traz para os palcos em 2014 o tema “ Guri  de campanha”,  retratando em suas coreografias de entrada e saída as lides, brincadeiras e travessuras que os mesmos realizavam na campanha.
        O CTG Fronteira Aberta preocupado em resgatar os usos, costumes e hábitos das crianças procurou através de sua  invernada mirim retratar a vida dos guris da campanha que até pouco tempo atrás não tinham acesso as modernidades e tecnologia dos dias atuais que hoje os distanciam  uns dos outros.
       Nossa entidade procura mostrar para nossas crianças como que as crianças que viviam na campanha brincavam e até mesmo como é que uma lide virava em brincadeira, as crianças que na sua maioria não tinham acesso a televisão e outros meios de comunicação, brincavam no campo com pedaços de pau que serviam como  cavalos, brincavam com gadinhos de osso, atiravam laço em cavaletes, a recolhidas da vacas mansas as chamadas tambeiras geralmente com o auxílio de um ou mais guaípecas, faziam mandados como ir nos bolichos que ficavam um tanto que distantes muitas vezes eram nesses momentos que aconteciam travessuras como carreiras no lombo do petiços, apanhavam frutas no meio do caminho em taperas a beira da estrada, os banhos de sanga e  sem contar na faceirice de poder buscar regalos como rapaduras, bolitas e tantas outras coisas que pela distância da cidade não eram tão comuns naqueles dias .


domingo, 15 de junho de 2014

2º Sinos do Verso Gaúcho de São Leopoldo.

Poemas Classificados para o 2º SINOS DO VERSO GAÚCHO de São Leopoldo Promoção do CTG Tapera Velha.

Tema - Taperas
      Poema:Velhas Taperas - Autora: JOSETI GOMES- Gravataí

Poema Regional

01 - A origem da palavra - Autor: ADÃO QUEVEDO - São Lourenço do Sul

02 - Uma volta - Autor: GUJO TEIXEIRA - Lavras do Sul

03 - Pelos sonidos do meu filho - Autores: ANDERSON FONSECA e PAULO RICARDO 
COSTA - Encruzilhada do Sul e Santa Maria


04 - Musical e Invisível - Autor: VAINE DARDE - Capão da Canoa

05 - Apologia de campo aos olhos ternos da alma - Autor: HENRIQUE FERNANDES - Marau

06 - Sonata para uma flor - Autor: JULIANO COSTA DOS SANTOS - Santa Maria

07 - Reminiscências de um andejo que não voltou - Autor: LUIS LOPES DE SOUZA - Passo Fundo

08 - Pajonal - Autor: SÉRGIO SODRÉ PEREIRA - Santana do Livramento

09 - Quando o poeta chorou - Autor: CAINE TEIXEIRA GARCIA - Bagé

10 - Más línguas - Autor: PEDRO JUNIOR DA FONTOURA - Bento Gonçalves

Poemas SuplentesPoemas: 
Romance campeiro pra um final de diaAutores: Jeferson Valente e Jair Silveira

Poemas: Ritual de PassagemAutor: Rodrigo Canani Medeiros


A apresentação dos poemas será no dia 18 de Outubro de 2014, a partir das  19 horas e 30 minutos no CTG Tapera Velha em São Leopoldo, fica o convite para os apreciadores dos versos.


Boa Sorte e sucesso a todos!
Fonte: Paulo Roberto comissão organizadora.

domingo, 8 de junho de 2014

Seminário de Aperfeiçoamento Tradicionalista

 Seminário de Aperfeiçoamento Tradicionalista para Grupos de Danças de Sant'Ana do Livramento.

            A Associação Tradicionalista de Sant'Ana o Livramento vem realizando o Seminário de Aperfeiçoamento Tradicionalista para os Grupos de Danças de Sant'Ana do Livramento, já em sua segunda edição sendo o  PTG Jayme Caetano Braun  a sede para os encontros onde três entidades vem participando com seus grupos de danças sendo elas CTG Presilha do Pago da Vigia, PTG Jayme Caetano Braun e CTG Fronteira Aberta.
                                           
Quero-mana, Tatu de castanholas, Maçanico, Tatu com volta no meio, Balaio
A primeira edição aconteceu no dia 28 de março de 2014 onde os temas sorteados foram os seguintes Glaucus Saraiva(Jayme), Colonização do Rio Grande do Sul (Presilhado Pago) e João Carlos D'Avila Paixão Cortês ( Fronteira Aberta)
Caranguejo, Chimarrita, Chote Inglês, Xote de duas damas, Pézinho

Anú, Tirana do lenço, Cana-verde, Quatro-Passi e Havaneira marcada
Com objetivo de trazer o jovem para o tradicionalismo fazendo com que o mesmo atue, a Associação Tradicionalista de Sant'Ana do Livramento vem realizando esses encontros, desafiando os jovens de nosso município a expandir e cultuarem nossas tradições.
No segundo encontro o tema escolhido foi a Danças Tradicionais, onde os grupos falaram da origem, características, ciclos e demonstraram através de uma belíssima apresentação que ambos realizaram nas dependências do PTG Jayme Caetano Braun.
Nossos cumprimentos as entidades participantes e organizadores deste evento onde os jovens estão tendo o a oportunidade de aprender através de pesquisas e apresentações.
A terceira edição ficou marcada para o dia 29 de agosto as 19h  nas dependências do PTG Jayme Caetano Braun, convidamos aos tradicionalistas de nosso município que se façam presentes para prestigiarem nossos jovens tradicionalistas que integrados  estão resgatando nossas tradições.
Integração das três invernadas participantes.

Pais orgulhosos, assistindo as apresentações.

Grande encontro no CTG Fronteira Aberta no dia 07 de junho de 2014 Leonel Gomes e Luiz Marenco. Show maravilhoso


Cristiano Nunes, Leonel Gomes, Luiz Marenco e Josi Trindade

Senhor das manhãs de Maio
Autor: Gujo Teixeira

Meu galpão de alma tranqüila
ressuscita todo dia
Cada vez que o sol destapa
sua silhueta sombria
e desenha cinamomos
na minha querência vazia

Senhor das manhãs de maio
ceva este mate pra mim
que eu venho a tempos de lua
minguando sonhos assim:
Os que eu posso, sonho aos poucos
os que eu não posso, dou fim

Silencio quando posso
Quando quero sou estrada
diviso as coisas do tempo
bem antes da madrugada.
Numa prece que bem me lembro
refaço minhas orações:
"Pai nosso que estais no céu
precisai vir aos galpões"

No descaso dos galpões
solito quando me vejo
é que se achega a saudade
com seus olhos de desejo
Pondo estrelas madrugueiras
neste céu de picumã
parecendo que se adentra
pra contemplar minha manhã

Meus sonhos domei pra lida
pra minha rédea, ao meu gosto
pras dores da minha alma
se ela cruzar esse agosto
Por favor Senhor dos mates
não deixe a manhã tão triste
mateia junto comigo
que eu sei que tu ainda existe

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Resgatando Versos

Encontrei esses versos que participaram da Chasqueada da Poesias Crioula do Rio Grande do Sul que era organizado pelo Movimento  Nativo Coxilha de Sant'Ana de Sant'Ana do Livramento aqui vai algumas obras!!!

Galpão - Edilson Villagran Martins
O Zeca me ensinou- Manoel Oribe Fernandez
Embretados- Carlos Herminio T. Mendes
Piá de estância- Nelson Rosa Dias da Costa
Cisma do Posteiro Só- Guido de Jesus Machado Moraes
Eterna Ronda- Adair de Freitas
Palanque de Curunilha- Jorge Luiz Chaves
Romance do Guitarrero Louco- Dorval Dias
Reminiscências- Maria Pampim
O Amanhecer- Lauro A. Corrêa Simões
Clamor- Luís Felipe Sá Monmany
Lições de Amor e Vida- Emir Garaialde Peres
Caminhada- Delci José de Oliveira
Tapejara Defunto- Ubirajara Raffo Constant
Ultimo Rastro- Lauro A. Corrêa Simões






Galpão


Edilson Villagran Martins


Em eterna romaria,
Nas madrugadas campeiras,
A peonada galponeira
Se acomoda reverente,
Em torno ao fogo desperto.
Pampa de olhos abertos
Em cada um que se acorda.
De cada galpão transborda
Fumaça e ecos de charla
Num levante de ideais.
Galpões dos mesmo sinais
Com melenas de capim.
De portas escancaradas
Iguais que bocas sorrindo.
E as janelas, olhos lindos,
Arregalados, fitando
O dia que vem voltando;
Clarão que brota na fonte
Terrunha herança sem luxo
Que Deus legou ao gaúcho
Que tem visão de horizonte.

Sem nunca "cambiar" de nome,
Marcando Pátria e querência.
Guapeando com imponência
Perene através dos tempos
No ritual dos mateadores,
Ronda de xucros cantores
Te escrevendo em poemas.
Altar de uma cor morena
Tisnado do picumã
Honra e glória deste pago.
Sacristia d amargo,
Culto da ciência campeira
No abagualado cenário
Onde estrelas de faíscas
Como manadas ariscas
Vão a teto do galpão É fruto de algum tição
que na queima se atorou,
Produzindo luz e chama
Na sala real pampeana
Que o rio Grande eternizou.

A noite tocou silêncio
Na garganta do Minuano
Cantou o pago pampeano
Na boca de uma picada
E caponetes de matos.
A lua, fez o retrato
Do galpão meio sombreado
Que estará sempre acordado
Nas labaredas do fogo,
Como bandeira liberta,
Terá uma brasa desperta
Na madrugada criança
Que nasce todos os dias.
Seiva de luz e de cantos
Nas fraldas verdes dos campos,
Infindáveis monumentos
A chorar na voz dos ventos,
com lágrimas de sereno.
A rolar por sobre a quincha,
As taquaras são as vinchas
Do xucro templo moreno.

Neste momento as palavras
Não nos dizem quase nada.
Só os toques de alvorada
De algum grilo guitarreiro
Mate e mais mate campeiro
Vai recorrendo a contento
E mangueando pensamentos
Que alongam mais o mistério,
Boleando olhares gaudérios
Que se aprofundam mas brasas.
Chiados que pedem calma,
E nos maneiam a alma
Prendendo por tanto tempo,
Nossas ânsias redomonas.
Jamais secarão cambonas,
Pois quais vertentes deixou.
Madrugadas mais compridas.
Porque aqui o autor da vida
Certamente já mateou.

É o templo que a gente reza
Com a guitarra na mão
Poesias em oração
Com ecos de atavismo.
Floreios de mais civismo
Da cordeona, na fumaça.
Povoar de vento em cantigas
Serenatas muito antigas
Brotam no peito caudilho.
Verso, teatino, andarilho
Em permanente vigília.
Epopéias Farroupilhas
Que nos deixaram legados,
De cânticos abarbarado
A exaltar nossa querência,
Vertendo seiva, a essência
Do sacerdote empochado!,



O Zeca me ensinou...


Manoel Oribe Fernandez


O vento norte era morno
e vinha prenhe de luto
só a correria dos piás
pelo pátio e as mangueiras,
mostravam que aquela estância,
ainda não era tapera.

As moscas, andavam tontas,
os cachorros silenciosos,
ninguém assobiava nada
tinha uma planta de arruda
ali por trás do galpão,
que cheirava, como nunca,
parece que até soubera
que tinha morrido o patrão.

Capataz de muitos anos,
com tropas, rondas, minuanos,
o "velho zeca" sabia,
que os tempos tinham mudado
pois chegou o filho do amigo
aquele que nunca vinha
nas marcações do finado.

No galpão já estava a indiada
com olhos "arregalados"
pois o senhor que chegara
filho único da firma
tinha falado bem claro:
que apartir desse momento
já não queria agregado
que a produção fazia tempo
não estava mais de acordo
com o potencial de seu campo,
e para ser peão campeiro
me serve qualquer guri,
não me importa a referência
como a de ser "de a cavalo",
bom de pialo ou laçador,
conhecedor destes campos
ou de ter muita experiência
isso para mim não é ciência
pra alguma coisa estudei.

Que se  terminem pra sempre
as trovas e as gineteadas
já não se dá mais pousada
ah! e isso de marcação
agora lá não existe
é somente outro serviço.

O capataz o seu Zeca
olhou com olhos pequenos
pra algum lugar distante
e percorreu num instante
sua historia de muitos anos,
passando devagarito, por todos
esses lugares,
coxilhas, matos, aguadas
abrindo muitas picadas
para amigos, p'ra vizinhos
estrangeiros e gaudérios
gente que não lhe esquecia
e que ele nem lembrava.

Enxergou muito de longe
o patrão velho à cavalo
em dia de marcação,
com um sorriso bem largo
saindo do coração.

O Zeca também sorriu
ao lembrar-se de outras coisas
muitos causos, doutros dias
e sentiu toda alegria
de ser amigo e irmão
desse homem de outros tempos
parceiro, bueno e patrão.

De repente um frio imenso
lhe percorreu  carcaça
enfrentando a realidade
na frente daquele moço
arrogante e prepotente
fruto, talvez não maduro
dessa nova sociedade
preocupada só com o ter
e muito pouco com "ser".

O tempo de um trotezito
e a estância tem um herdeiro
filho do novo patrão,
e na esperança do Zeca
se ascende grande o fogão
de forjar outro gaúcho
com sangue daquele amigo
outrora velho patrão
e não perdeu muito tempo
pra ensinar-lhe o que queria,
e entre ditado e ditado
ia passando pra o piá
toda sua filosofia.

Contando causos e fatos
que envolviam seu avô,
de negócios e campereadas
de rondas, de madrugada
das diversões da campanha,
da alegria que da a canha,
da palavra, do respeito
do trabalho, do direito
que iam causando efeito
e formando aquela alma
que estava ficando grande
o seu coração tal e qual
Trazendo assim como os tantos
os costumes e valores
universais do rincão.

O velho Zeca soubera
que a vida valeu a pena
quando um 20 de setembro
o rapaz, um moço forte
de a cavalo no seu baio
respondeu para seu pai
à pergunta: Onde vai?
Vou cultuar a tradição
é o que faria meu avô
o seu pai, meu ancestral
pois o Zeca me contou.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A infância que perdi

Ainda ontem corria
A coxilha imensa do pago onde nasci
Tirei cestia na sombra do umbu
E tive como parceiros
Uma petiça, um guaipeca e uma boneca de pano

Na beira da sanga
Vi refletida a imagem de uma criança
Com um sonho tão belo, estampado no olhar
Logo após vi a imagem de uma estrada
Deserta com rastros recentes
De algum, andejo que por ali passou.

Os dias passavam, num toque de magia!
Comecei a crescer  tão descompassadamente,
Que já não mais entendia
Como as coisas aconteciam.

Logo percebi que o meu guaipeca
Ficou num canto do galpão
Parecia que entendia
Que aquela meiga menina
Uma moça já era.

Minha petiça gateada!
Ficou para entretimento
Dos pias da redondeza
Mas trazia na estampa
Um jeito meio esquisito
Parecia que implorava
Que eu voltasse no tempo!

E a boneca de pano
Se extraviou num baú
Onde mamãe guardava
Antiguidades da casa
Ali ela deve ter sido
Consumida pelas traças.

Quando pude compreender
Porque tudo me aconteceu
Já me encontrava distante
E mais nada pude fazer
Na cidade, já não tinha mais
Meu pai, minha mãe
Minha petiça, meu guaipeca
Nem mesmo minha boneca!

As tardes se tornaram longas
Os anos uma eternidade
Já estava diplomada
Mas algo ainda faltava
Que eu não sabia bem o que era...

Nos sonhos...
Vi meus parceiros, chamarem por mim
Foi quando percebi
Que minha vida não era aqui.
Ah! Se eu pudesse, retornar
No rancho onde nasci
Regressar a minha infância,
e nunca chegar aqui!

Mas... Quando lá retornei
No pago onde nasci
Vi tapera o rancho onde vivi


Na coxilha... O umbu!
E como fieis parceiros, duas cruzes guardiãs
De um lado minha petiça
Do outro o meu guaipeca
 E na frente um pedaço
Da minha querida boneca.

                              Josi Trindade